Maskerad


Foi um sucesso! Diziam todos a ela.


Com um belo sorriso recebia todas as flores e presentes que eram lhe entregues juntamente com os elogios. Há tempos que não se apresentava tão bem em uma estréia, há tempos não era tão vista. Há tempos não tinha seu ego tão elevado. Saudou a todos até o seu último admirador e ao despedi-se desse. Fechou à porta de seu camarim só ai pode sentir o cansaço de todos os ensaios, das saudações, da apresentação. Na tentativa de alivia seu cansaço sentou-se em frente ao espelho.

Em um gesto automático pegou o removedor de maquiagem ao passo que se preparava para retirá-la, mas parou. Percebo o quanto aquela máscara era bonita, viu o quanto era chamativa. A escolha e as combinações das cores eram perfeitas para atrair qualquer olhar. Seduzida por aquela que era refletida, notou que não existia nem uma espaço que revelar-se a sua pele, pois estava totalmente escondida por de trás das cores, das tintas, dos desenhos. Analisando cada detalhe daquele rosto viu o quanto era difícil montar aquele ser. Percebo na dedicação que se fazia necessária para criação daquele rosto perfeito, aquelas curvas bem delineadas se confundiam com as suas. Muitos de seus admiradores não a reconheceriam na rua. E talvez ela no lugar deles não a reconhecesse também.

E foi nesse devaneio que olho para além daquela que era refletida, que era ela, mas ao tempo não era. Viu o quanto tinha mudado, notou o que tempo havia feito com ela, quantas decisões tiveram que ser tomada para chegar até... Lembrou-se de uma frase que havia escutado há poucos dias antes da apresentação - o quanto você mudou para chegar até aí - Na hora assustou-se com essas palavras, mas havia esquecido devido o ritmo do espetáculo, mas agora se lembrava claramente de cada palavra, da entonação utilizada, dos gestos que foram feitos para transmitir aquilo que tocava agora seu intimo. Desceu mais em seu interior e encontrou uma menina simples, caída, com um velho vestido que tinha pequenas flores vermelhas em fundo de tom creme que batia em seu joelho. O rosto da menina era doce, limpo e sem nenhum respigo de maquiagem, viu que a menina muita se parecia com ela, mas não possuía a certeza, porque já não se lembrava como ela era. Só via a mulher que se escondia por trás das escolhas, das falas, dos atos que já não mais correspondiam com sua origem. Olho para a menina e perguntou quem é você?
Maskerad! Gritou o vigia, despertando-a de sua descoberta e a apresando-a para arruma-se. Pois já era tarde e o todos já haviam ido e queria fechar o teatro. Ela disse que logo se apressaria e sairia. O vigia saiu. Ela retornou o pensamento à menina, mas prefiro deixá-la onde havia encontrado, sem ajuda e sem saída.

Porque ela gostava do que havia criado.


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