A nossa casa ainda fala de você
Você
pode ler esse texto escutando All too well
Foto retirada do www.achadosdamoda.com
Mesmo
após esses 12 meses a nossa casa ainda fala de você. Ela faz com os meus
flashes de memória sejam cada vez mais nítidos no desejo de que a minha memória
não comece a falhar depois de tantos dias passados desde o dia em que você nos
deixou.
Ela
me mostra a primeira parede que sentiu o calor dos nossos corpos na data em que
fomos escolhidos para ser dela. Ela me recorda a sua pressa para despachar o
corretor, que nos mostrava cada cantinho da casa nova, cantinhos que fizemos
questão de encher de nós. Ainda lembro, de você fechando a porta, voltando para
sala e me olhando com aquele sorriso bobo e me agarrando com sorrisos,
mochilas, mãos, celulares, beijos, atrasos, malas e vontades.
A
varanda ainda continua com aquela mesinha de mármore e as cadeirinhas que
ganhamos da sua avó e que você sempre gostava de sentar após termos contemplado
o céu enquanto recuperávamos as forças com qualquer besteira encontrada na
cozinha, e você me contava da sua cidade, do seu dia, dos nossos planos e da
visão do mar e das estrelas que a nossa casa proporcionava.
As
panelas e os utensílios da cozinha ainda ressoam o som das nossas gargalhadas
de cozinheiros inexperientes: queimando, sujando, quebrando e sendo feliz a
cada acerto. A geladeira nova também grita comigo como você gritava por causa
da minha velha mania de deixar a porta dela aberta. Acho que vocês seriam bons
amigos se chegassem a se conhecer.
Sabe
quem outro dia deu o ar da graça? A sua velha amiga sanduicheira de pão, aquela
que usar no fogão. Lembra dela? Pois é, ela me recordou como você ria todas as
vezes que a usava e se perguntava como ainda tínhamos aquela raridade em nossa
casa, e que mesmo assim não possuía coragem para quebrar as relações com ela.
Os
flashes do nosso quarto ainda são constantes. Ah, o nosso quarto! Nosso refúgio
do mundo, dos problemas, das pessoas, o nosso campo Eliseos. A nossa cama ainda
insisti em mostra que ela estar fria e que não possuo mais as suas pernas
entrelaçadas as minhas e nem a sua preocupação quando eu acordava a noite por causa do
calor e você sorria pra mim e me puxava para mais perto de você. É difícil não
olhar para aquele espelho e não lembra de você cantando Taylor com a geringonça
que gruda em tudo, enquanto eu corrigia as provas dos seus alunos. E você escrevia
trechos de Enchanthed com seu pincel
no pobre do espelho. Esse quarto é o cômodo que mais sente falta de você. Ele
fala da gente brincando de lutinha, da bagunça que fazíamos nele, dos
cantinhos, dos móveis que estão marcados com o nosso amor. Outro dia, recordávamos
e rimos muito, do dia que a nossa intimidade ainda não havia alcançado seu
ápice e você precisava usar o banheiro e me trancou no quarto, para eu não ver
nada ou melhor, sentir nada. RS O
quarto e eu também choramos muitas vezes juntos.
É
claro que o banheiro mandou lembranças. Ele não esquece de você, também é impossível. O seu perfume ainda não saiu de lá! Impregnou nas paredes. Ora o outra ele ri
de mim por causa do dia que chorei ao ver nossas escovas juntas no armário e
você rindo da minha cara pelo nível de sensibilidade que eu havia atingido naquele
momento. E depois me abraçou, beijou minha testa e soltou as palavras mais
lindas que saiam da sua boca, o simples e complexo, eu te amo.
O
box hoje embaça, pois desacostumei tomar banho gelado, seu corpo não está mais
lá para aquecer-me e tenha certeza que a hora do banho nunca mais foi tão
divertida como era. E sim! Eu aprendi a me enxugar e a escorrer a água do meu
corpo antes de sair do box. Confesso que sinto falta da quantidade de
produtos que ficavam em cima da pia, o número diminuiu consideravelmente,
A
nossa casa ainda sente falta de você. E eu também sinto. E talvez isso explique
o porquê escrevi isso. Ou talvez seja apenas o meu desejo de eternizar esses
momentos tão caros para mim e, não permitir que eu perca nenhum detalhe desse
tempo bom com o passa dos anos.
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